Bullying

Antes que alguém fale que bullying não é tudo isso que as pessoas tentam dizer e lutar contra, quero que leiam este artigo aqui.

Eu acredito, sim, que algumas brincadeiras não são feitas por mal, que as crianças mais extrovertidas possam não estar muito acostumadas a ser mais cuidadosas ou a pensar em respeito. Mas quando o fator "gente que incomoda e humilha" se torna algo constante ao invés de algo vez ou outra, aí já é bullying. Especialmente quando é óbvio que a pessoa está sofrendo, que não gosta daquilo e ninguém faz nada.

Eu sofri bullying durante toda a minha vida escolar, nada tão intenso quanto o relato desse rapaz no post, mas isso me deixou várias, várias cicatrizes. E muitas vezes, desacreditaram de mim também. Eu acredito piamente que se eu não tivesse sofrido tanto, eu seria uma pessoa muito mais feliz e sociável. Mas infelizmente, isso foi tirado de mim e agora é uma luta diária pra superar meus demônios.

Que texto forte. :/ Nunca sofri bullying, mas presenciei vários casos no meu antigo colégio e era revoltante ver a incapacidade dos professores e da diretora em lidar com o assunto. Eu realmente tive muita sorte em estudar numa das poucas classes em que o povo era mais de boa.
E, é, fico sem palavras toda vez que ouço alguém dizer que "bullying não existe" ou "bullying forma caráter, então é bom".

Btw, esse texto me lembrou um documentário sobre discriminação que vi há pouco tempo. Não é muito longo (pouco mais de 40 minutos) e é extremamente interessante. Vale a pena assistir!

Dizer que Bullying não existe ou que forma caráter é querer tapar buraco com peneira, ou sei lá como é o ditado popular. Eu fui uma das que no colégio o povo pegava no pé: a garota alta, meio atrapalhada, pai ausente, estrangeira. Houveram épocas melhoras e outras piores, muito piores, que marcaram quem eu sou e quem eu fui. Tive psicóloga, e até mesmo depressão por conta dessas brincadeirinhas.

Eu tenho uma amiga que a zoação com ela foi MUITO mais pesada do que comigo. A Valkyria sofreu com isso por quase toda a vida, ela fez o buço aos SETE anos porque sempre comentavam disso, e se RECUSA a ter o cabelo acima da metade das costas porque CANSARAM de chamá-la de Joãozinho. Jesus, Kyria não é feia, mas falaram tanto que ela colocou na cabeça que é a desgraça em pessoa, e não consegue olhar no espelho e se achar bonita mesmo toda produzida. Ela é inteligentíssima, porém, não tem a mínima confiança em si mesma e em sua capacidade. O Bullying a tornou tímida, extremamente tímida, o tipo que não consegue falar ao telefone nem com a própria tia ou pedir uma pizza. A pessoa que foge de atenção e faz de tudo para não ganhar os holofotes- até mesmo se isso significar reter todo seu potencial.

As amigas dela dizem que a zoação não foi tanta. Mas sinceramente? Na minha opinião, o tanto/muito/pouco varia de pessoa para pessoa, porque ninguém reage da mesma maneira a uma situação. Pode ter sido mais leve do que a Valkyria diz, entretanto, quem disse que para a pessoa que está sofrendo foi algo suave? Minha amiga sofre com isso até hoje. Alguém ri? É com ela, estão rindo dela. Olham para ela numa festa? É tudo menos porque ela está bonita. Alguém vem elogiá-la, ou um garoto fala algo bonito para ela? Ela acha que é tudo uma grande brincadeira onde ela é a palhaça.

Quem diz que não é nada demais está errado. A pessoa pode não se importar, achar besteira, mas duvido que quem sofre pensa a mesma coisa.

Olha, vou falar uma coisa pessoal. -Q
Lendo e relendo as definições de bullying que tem por aí, eu acabei por descobri que eu sofri bullying no colégio (ensino fundamental). -Q
O fato de eu não ter realmente notado isso na época era mais por eu sempre ter sido meio avoada demais. Faziam "brincadeiras" comigo e eu acabava rindo junto -q

Anyway, isso do colégio inteiro nunca aconteceu comigo, mas já aconteceu de vários alunos de várias turmas e tal. Conhecem a música Lady Laura? Pois é, nem ela escapou das "brincadeiras" e até ano retrasado eu não conseguia ouvir essa música de tão exausta de ouvi-la eu estava. Me chamar de Lady Laura? Eu lhe matava se fizesses isso. A Myst sabe.

Tipo, eu sempre fui tímida. Por causa dessas coisas e tal e eu acabei, como posso dizer?, ficando menos envergonhada. Tipo, eu comecei a ligar o botão do foda-se sa merda. Voltava a "brincadeira", cantava alguma música e com isso o tal do bullying acabou virando algo tratável. Vale lembrar que em cada escola era uma coisa diferente, mas nas ultimas (a partir da oitava série) eu já era só ignorada pela maioria e isso era bem legal. -q

Claro que teve dias que eu chegava em casa me sentindo uma merda.
Claro que até hoje eu não me sinto muito bem comigo mesma. Mas eu acabei criando uma fuga de não deixar ninguém saber disso, cara. Ninguém precisa saber como eu 'to me sentindo, se aquilo machuca ou que eu me sinto uma merda de vez em quando. Muito pelo contrário. Pela ironia da coisa, eu me chamo de lady hoje em dia. Diva não, pelamor. Sou uma lady.

Posso dizer que hoje eu me sinto bonita, sim. Claro. Com todos os defeitos que eu tenho, eu sei deles e convivo com os bichinhos, coitados. Sou meio gorda (ou falsa gorda como já me disseram), mas sou preguiçosa demais pra fazer algo sobre isso. Então não vou reclamar do peso porque ele não vai embora sozinho. -Q
Gosto do meu rosto. Fazer unha me deixa feliz. Andar na rua com alguma musica na cabeça como trilha sonora ajuda bastante. Nem é só gari que olha se fizeres isso.

Enfim, acho que cada um lida de uma forma diferente se sofre de bullying. Saber que eu sofri bullying não mudou porra nenhuma. Nem me fez ter raiva de quem fez, porque cara, hoje eu vejo onde eles estão e o que eu sou... Bitch please.


OH OH
Eu já chamei atenção de umas 4 crianças que dou aula por causa disso. -Q
É legal saber que podes fazer alguma coisa. Nunca mais chamaram o meu aluno de baleia, gordinho e blabla. Nem ele chamou a outra aluna de especial. -Q
aiai. o-o

Esse assunto é sempre muito intenso. Eu já sofri desse mal quando era menor, principalmente de gurias que se diziam diziam ser minhas amigas. Coisas como fazer uma votação do guri mais bonito da rua e jogar na minha cara que eu fiquei em ultimo com apenas um voto da minha irmã ou brincar de verdade e desafio e a guria beijar todos os guris e quando chega na minha vez ela se levanta e diz que não quer mais.

Parecem ser coisas bobas comparadas ao relato ou ao video que vocês postaram ae, mas isso me marcou, eu demorei um bom tempo até poder restaurar um pouco de dignidade e auto confiança, mas pelo que vejo esse tipo de preconceito é comum na sociedade e não me parece que vá mudar facil, se tu eres um pouco diferente do padrão aceitavel, ja eres jogado pro lado. Sei porque eu mesmo vivenciei isso.

Até minha adolescencia fui gordinho, quando mudei e emagreci o que acham que aconteceu? As gurias do nada começaram a se interessar por mim, até algumas que antes haviam me zuado.

O preconceito está impregnado na sociedade, as pessoas tendem a por outras para baixo só para se sentirem superiores, julgar porque não são como o modelo imposto de estetica e etc...

Bullying é uma coisa horrivel, mas infelizmente eu acho que isso não irá mudar, não enquanto as pessoas não se colocarem no lugar das outras. Omáximo que dá pra fazer é tentar superar as cicatrizes e seguir em frente.

Acho que lendo isso tudo que postaram (e o relato do cara) eu posso concluir que o bullying acontece de várias formas e gera os mais diferentes resultados, mas com algo em comum em todos eles: são todos negativos para a pessoa que sofre/sofreu. Minha história escolar é um pouco diferente dos padrões de bulliyng, mas os resultados também são negativos, agora peguem a pipoca e aproveitem porque lá vem história.

No ensino fundamental, entre a sexta e oitava série, eu sofri o bullying clássico mesmo, vários "valentões" pegando no pé, sumiam com minhas coisas, eu ia no banheiro e tinha que ficar esperto para não me empurrarem enquanto eu estivesse mijando, etc. Era bem tenso, mas eu tinha muitos amigos, existiam as três escalas: os valentões, os imunes porque eram mais fortes e/ou extrovertidos e os mais quietos e gordinhos. Eu me encaixava no último grupo, então... já sabem.

Só que, terminando a oitava a série, veio aquela ideia de adolescência, mudança e coisas do tipo, eu comecei a praticar natação e vôlei por algum tempo (não, não me zoem com a segunda modalidade, EU NÃO SOU GAY). Eu também cresci muito nessa época (eu era um dos médios/baixos da turma, até a oitava, fui para o escalão dos mais altos no ensino médio), perdi bastante peso e fiquei mais forte. Mas não, eu não saí dando uma de vingador espancando geral na escola, porque acreditem, só a mudança física e uma personalidade mais fechada que eu adquiri (por questão de proteção e é diferente de ser tímido, eu era agressivo até com professores quando vinham me encher) já fez com que eu fosse um dos "imunes" no ensino médio. Eu não sofria agressões físicas, nem nada, ninguém me provocava, ninguém ia conversar comigo. Eu ficava, durante muitos dias, aulas inteiras tendo apenas o "presente" como fala durante a aula. Aí eu vejo que entra o segundo tipo de bullying - decorrente do primeiro -, como você pensa diferente dos padrões "comuns" logo você é deixado de lado e eu simplesmente não consegui, durante o ensino médio todo, mudar isso, meus pensamentos eram muitos diferentes do restante e isso gera esse comportamento de baixa estima que já disseram acima, eu ficava meio paranoico de tentar sair do meu mundo pessoal ali e tentar me adaptar as conversas da sala, para mim todos estavam falando por trás o quão esquisito eu era e coisas do tipo - provavelmente estavam mesmo porque né, né, né? Com isso tudo, minha vida escolar no ensino médio foi o maior inferno que já passei na vida até agora (maior do que quando eu sofria bullying prático no fundamental, porque naquela época eu tinha uma "tribo", no ensino médio, não).

Eu consultei psicólogo e tudo, mas somente nos últimos anos que eu aprendi a me abrir mais para os outros, criar algumas poucas - mas importantes - novas amizades. Com isso minha vida durante a faculdade foi muito boa. De alguém que não se abria com ninguém eu fui para alguém que apresentava os trabalhos do grupo em público porque achavam que eu falava bem, sem travar e coisa do tipo. Mas ainda sim, até hoje eu não posso me considerar uma pessoa extrovertida, alguém aqui do fórum pensa assim de mim? Eu nem sequer possuo facebook, mesmo hoje, porque até o momento eu ainda vejo como uma enorme perda de tempo manter contatos com pessoas que acho desnecessárias para minha vida. É claro que é algo de minha personalidade, que é culpa minha, mas no meu ver, eu ser assim, um pouco 'foda-se essa merda toda' às vezes, tem haver com esse passado escolar, porque essa época molda muito seu comportamento, é a época que buscamos aceitação, se passamos por problemas nessa época, sim, as sequelas ficam.

Provavelmente outras pessoas aqui do fórum devem se enquadrar um pouco no que passei (eu não sei, mas acho que para termos essas nerdices em comum, já indica que muitos aqui são diferentes do convencional também). Bullying pelo que eu entendo, não é somente a classificação de pegarem no pé e agredirem fisicamente e/ou humilharem verbalmente, muita gente forte fisicamente sofre de bullying também, não porque é zuado ou agredido, mas sim porque é excluído, seja por despertar medo nas pessoas ou por puro preconceito e falta sim agentes de educação mais preparados para detectarem esses tipos de problemas que deixam sequelas graves no comportamento da pessoa, onde em alguns casos levam até a suicidio ou genocidio (ou as pessoas acham que esses loucos que pegam armas e invadem escolas matando geral nascem assim?)

(nota: desculém o provável assissinato ao português, escrevi meio às pressas.)