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[Original] Espelho - Capítulo único

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Mensagem por Mizuki Qui Jul 25, 2013 11:39 am

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O mundo humano é estranho. Os humanos em si são estranhos. Enquanto alguns parecem ter nascido para brilhar, para encantar aqueles em seu caminho, outros permanecem ocultos nas sombras destes, ansiando por admiração, que jamais lhes é concedida. E mesmo que não percebamos, muitos indivíduos do segundo tipo rondam pelas ruas, próximos de nós.

Já era o segundo ano do ensino médio, e Kagami permanecia quase que despercebida entre seus colegas. Mudara-se no ano anterior para aquela escola, mas jamais conseguiu manter relações fortes com os outros alunos. Era bonita, mas em sua dificuldade de se relacionar residia a fonte de uma grande tristeza. Não fosse por Suzume, sua única amiga mais próxima, talvez caísse numa grande depressão.

O fato era que a jovem sentia-se completamente inferior a outros alunos e alunas. Em especial, uma: Miwako. Miwako era uma das garotas mais paparicadas de todo o colégio. Vivia rindo e se divertindo entre alunos de sua idade ou mesmo mais velhos, era extrovertida, e tinha uma beleza de dar inveja. Suzume sempre tentava mantê-la longe de Miwako, tentando fazê-la esquecer-se disso por um momento, mas parecia impossível. Kagami continuava sentindo-se inferior a outros, principalmente à jovem popular.

Kagami às vezes chegava em casa após a escola e, trancada em seu quarto, punha-se a pensar em sua inferioridade diante de Miwako. E olhando para o grande espelho próximo do guarda-roupa, via a si mesma como um ser inútil. Cabelos longos, branco acinzentados. Olhos azuis escuros. Um rosto belo, mas com um quê de estranho. Num desses dias, tocou no espelho como se tocasse outra pessoa. O reflexo. Nada mais era do que uma garota qualquer, refletida naquele objeto.

E assim os dias passavam. Lentos, repetitivos. A cada dia de aula terminado, Kagami tentava criar forças para vencer a sua própria inferioridade em vão. Dia após dia, se convencia mais de que não poderia brilhar, de que não poderia ser amada enquanto não pudesse mostrar a si mesma, única e inigualável, sem comparar-se a outros. As estações passavam como um vislumbre entristecido de uma decepção. Era uma espiral de tristeza. Até que um dia, algo diferente aconteceu e quebrou o ciclo monótono em que a garota vivia.  

Ele chegou devagar, encabulado, como ela em seu primeiro dia de aula naquela escola. Porém, ele pareceu enturmar-se bem mais facilmente do que ela. Kagami observava-o inquieta, o que havia de mais nele? O sorriso? A boa aparência? A gentileza e o respeito pelas outras pessoas? Não importava. O que importava é que, em pouco tempo e sem contato algum, Kagami sentiu seu coração pulsar violentamente a cada vez que o via. Seu rosto pálido ganhava uma coloração mais natural e uma expressão nervosa, que a todo custo ela tentava esconder, compartilhando suas expectativas e inseguranças apenas com Suzume. Num desses dias, na área arborizada da escola, ela decidiu convencer a amiga a se aproximar.

- Nossa Kagami, você precisa falar com ele! – Dizia ela.
- Mas... Como?
- Ora, falando. Eu sei que é difícil, mas você consegue.
- Eu não sei... Já acho meio difícil me abrir com você sobre essas coisas, quem dirá com ele!
- Ah, mas não precisa ir lá e se declarar direto. Tente conhecê-lo melhor, fazer amizade com ele, ver o que vocês têm em comum. Se conseguir fazer isso, será meio caminho andado. – Suzume dizia convicta para a amiga.
- Hum...  Será?
- Claro! – Suzume deu uma pequena pausa e apontou discretamente para uma árvore ali perto – Olha, ele está lá. Por que não tenta agora?

Kagami olhou para o local apontado pela amiga e corou. Ele estava lá, tranquilo, parecendo admirar a paisagem, mas só o fato dele estar ali já a deixava nervosa. Engoliu em seco, e pareceu surpresa quando Suzume postou-se à frente dela e segurou suas mãos, sorrindo.

- Vai, eu sei que você consegue. Estarei torcendo por você.
- O... Obrigada.

Kagami soltou as mãos de Suzume e caminhou até ele pisando duro, completamente tensa e ansiosa. Não sabia como aquilo acabaria, mas sabia que se não tentasse, jamais chamaria a atenção dele. Com essa idéia em mente, respirou fundo e aproximou-se do rapaz, que estava sentado sob a árvore.

- Er... Olá.

Ele virou-se para ela.

- Olá. Qual é o seu nome?
- Kagami. – Disse ela, esforçando-se para não gaguejar.
- É um nome bonito. – Em seguida, ajeitou-se, ainda sentado – O meu nome é Kazuki.
- Muito prazer, Kazuki.
- Hum... Você é da minha classe, não?
- Sou sim. – A essa altura, ela parecia estar ganhando alguma confiança.
- Ah tá, é que eu já te vi por lá... Mas nunca tive oportunidade de falar com você, apesar de já ter pensado em te chamar.
- Sério? – Ela parecia não acreditar. Ele já quis falar com ela antes?
- Uhum. Mas que bom que podemos conversar agora.

Ele sorriu, ela estremeceu. Seu coração pulsava doloridamente e vigorosamente, sentia como se o ar lhe faltasse entre um segundo e outro. O cabelo preto azulado dele, os olhos escuros... E aquele sorriso... Que era só pra ela. Aquilo a fez sentir uma felicidade inigualável. O risco valera à pena. E a partir dali, iniciou-se um período de felicidade.

Kagami agora conversava com ele vez ou outra. Não se podia dizer que eram íntimos, mas davam-se muito bem. A garota ganhava mais facilidade para falar por causa dele, e isso era visível aos alunos mais próximos dela. Suzume, felicíssima, fazia muitos planos para os dois, mesmo que só de brincadeira. E conforme o tempo passava, cada vez mais se assegurava de que seus sentimentos eram verdadeiros e poderiam ser correspondidos.
Numa tarde após a aula, ela foi até ele, com a intenção de revelar o seu amor. Chamou-o alegremente, como sempre fazia.

-Kazuki!

Ele virou-se, a viu e sorriu.

- Kagami! Como vai?
- Vou bem, e você?
- Também. Estou cansado por causa da aula de educação física, mas tudo bem.
- Entendo. – Kagami sorriu – Posso voltar pra casa com você hoje?
- Ah, Kagami, não vai dar...
- Ué... Por quê? – Kagami estranhou a resposta. Até então ele voltara algumas vezes com ela pra casa, quando não ia para outros lugares após a escola, e nunca recusara nenhum pedido do tipo.
- É que eu vou voltar com a Miwako hoje.

Kagami engoliu em seco.

- Com... A Miwako?
- Sim. Nós estamos namorando há alguns dias, desculpe ter demorado pra te contar.

Ele disse aquilo com a maior naturalidade do mundo, mas Kagami ficou petrificada. Naquele momento, todas as suas esperanças vieram abaixo, e ela sentiu como se arrancassem um pedaço de seu coração. Era difícil disfarçar o que sentia, mas foi o que ela tentou fazer, afinal, não queria perturbá-lo.

- Ah... Sim. Tudo bem, voltamos juntos... Outro dia. – Disse com dificuldade.
- Tá. Tchau Kagami!

Ele correu e acenou para ela, indo em direção a alguém. Uma garota. Em seguida eles se beijaram, e mesmo de longe, aquilo a atingiu como uma punhalada no peito. Doía muito, sua garganta estava com um nó imenso e ela já não podia conter as lágrimas. Saiu dali o mais rápido que pôde, correndo na direção oposta dele.

Durante dois dias, Kagami fingiu ter dores para faltar da escola. E assim que seus pais saíam, desatava a chorar desesperada, por horas. Tudo acabara para ela. Depositara as suas esperanças num amor que jamais daria certo. Voltara à estaca zero: Miwako tinha tudo, ela não tinha nada. Quanto mais pensava nisso, menos vontade tinha de encarar as pessoas e voltar a viver normalmente, porque agora não era uma mera insegurança em falar com outros. Era um trauma violento. E não era a primeira vez.

Kagami lembrou-se do primeiro garoto por quem se apaixonou, no primeiro ano do ensino médio. Assim como Kazuki, ele parecia ser ótimo, gentil. Mas acabou interessado em Miwako. Os dois namoraram por alguns meses, e tiveram que se separar quando ele se mudou. Na época, foi terrível para ela, mas agora era ainda pior. Novamente, perdera a chance de ser feliz.

Chorando, sentada no tapete, iluminada pela luz da tarde que entrava precariamente pela janela, ela fitou o espelho e viu-se. Naquele momento, recapitulou tudo o que lhe acontecera até agora, tudo relacionado à Miwako. E, imersa na própria imagem e nos próprios pensamentos, chegou a uma conclusão: Ela não perdeu nada. Nada. Miwako roubara tudo na verdade. Roubara-lhe as suas chances de ser feliz, roubara-lhe a atenção alheia, roubara-lhe a autoestima. E isso ela não perdoaria. Não mais abaixaria a cabeça para a sua rival, não... Sua inimiga.

Durante algum tempo ali, ela pensou em tudo isso. Repetiu cada palavra, cada vez mais convicta, em sua mente. "A culpa é dela", era simplesmente isso. E tomada pelo ódio crescente em seu coração, ela decidiu encarar Miwako, lutar pelo que era dela, mesmo que isso lhe rendesse maus momentos. Assim, pela primeira vez na vida, Kagami desobedeceu à regra dos pais de não sair sozinha sem avisar. Aliás, não avisaria ninguém do pequeno edifício onde morava. Decidida, vestiu-se, saiu pela janela e desceu pela escada de incêndio, indo ao encontro de sua inimiga.

Era horário de saída das escolas. Em várias ruas, era possível ver os alunos voltando pra casa, sozinhos ou em pequenos grupos, que se separavam aos poucos.

Por uma rua vazia, caminhava Miwako, com um andar decidido. Como muitos alunos a rodeavam na escola, ela preferia voltar sozinha, para desanuviar um pouco. A rua em questão não parecia perigosa nem nada, mas era quase sempre deserta. Miwako temia apenas alguns corredores entre as casas, que davam em becos escuros, mas não imaginava que, logo no próximo desses corredores, alguém a esperava.

Kagami, inquieta, a ouviu se aproximar. O tilintar dos chaveiros na mochila era inconfundível. Recuou alguns passos. Ainda dava tempo de correr pra casa, ninguém saberia da sua ousadia. Mas algo parecia mantê-la ali. E quando Miwako estava próxima, parou no meio do caminho para atender o celular.

- Alô? Ah, oi Satori! – Disse ela, no seu tom altivo habitual – Ah, eu estou voltando pra casa agora, depois te mando o e-mail com as fotos.

A garota, oculta nas sombras do pequeno beco, escutava impaciente. Queria que aquilo acabasse logo, queria jogar na cara da garota toda a sua revolta. Mas quando pensou em interromper a conversa dela ao celular, surgiu um assunto que lhe interessou.

- O Kazuki? Bom, eu aceitei a proposta de namoro dele, mas não estou tão animada. Ele é meio... Sem sal, sabe? Comparado ao meu último, ele tem muito pouco a me oferecer. Ai ai... Mas é o que eu tenho agora, pelo visto vou ter que me contentar...

Kagami arregalou os olhos sem acreditar. Aquelas palavras e o tom de arrogância dado por sua inimiga fizeram com que o ódio existente crescesse ainda mais. Apertou os punhos e os dentes com força, e o sangue ferveu em suas veias. Então, aquela era a verdadeira face da menina alegre e extrovertida que todos admiravam? Mal conseguia acreditar. Pensou em Miwako como se pensa em um verme: Com nojo.

- Beijo, te ligo depois. – Miwako desligou o celular e recomeçou a caminhada, enquanto colocava-o na mochila. Sequer pôde fazer isso, pois alguém na sua frente a arremessou com força contra a calçada de concreto, fazendo-a derrubar seus pertences. Com o corpo dolorido, virou-se e reconheceu sua agressora.

- Kagami? – Disse, surpresa – Por que fez isso?

Ela tentou se levantar, mas Kagami pisou com força nela, fazendo-a bater a nuca na calçada.

- Ai! Pare, o que você...

Ela não lhe deu tempo para terminar de falar. Jogou-se por cima da inimiga, ficando em cima dela, e logo em seguida, apertou a sua garganta com uma força descomunal. Miwako buscava o ar e se debatia, sem poder se libertar devido ao peso de sua agressora. Esta, por sua vez, descarregava o ódio de uma vida sobre a garota, sem nem mesmo pensar nas conseqüências. Até que ela parou de lutar de repente.

Kagami inclinou-se sobre ela para ouvir os batimentos. Ainda estava viva, apenas desacordada.  Mas quando fez isso, sentiu um objeto no bolso do moletom e foi tomada por outro impulso, ainda mais cruel do que o primeiro, que a fez derrubá-la e sufocá-la.

Ergueu o tronco sem se levantar e retirou um estilete do bolso. O estilete que trouxera de casa, nem sabia direito por quê. Fitou-o por alguns momentos, e levantou um pouco a lâmina. Após mais alguns segundos, a expôs totalmente. Fitou o metal reluzente sob a luz da tarde, e em seguida voltou-se para a sua inimiga. Não mais hesitava em demonstrar seu ódio. Não mais hesitava em livrar-se do que a incomodava. Então, com o estilete em punho, tendo sua inimiga segura sob sua outra mão, ela a puniu por cada palavra errada e cada chance roubada.

O corpo foi encontrado naquele mesmo lugar, por um comerciante que passara ali por engano. As dezenas de perfurações por todo o corpo, a garganta degolada e a face quase que desfigurada por vários cortes tornaram aquele um dos crimes mais brutais da época. Miwako foi reconhecida principalmente pelos seus pertences: A mochila e o celular, caídos ao lado dela.

Em casa, Kagami já se limpara de todo o sangue, e agora jazia naquele mesmo lugar no chão do quarto, iluminada pela réstia de luz da lua. Por entre seus dedos, enroscava-se e deslizava um pingente de estrela prateado, que até aquela tarde estivera preso ao celular de Miwako... Não, de sua antiga inimiga. Ela já não precisava mais de um nome. Era uma mera lembrança.

Prestando atenção, Kagami viu seu próprio reflexo na estrela. Virou-se para o espelho, e vendo-se, reconheceu a si mesma. Kagami. O nome que tantas vezes ela amaldiçoara. Todas as vezes que chorou e pensou só existir para refletir as glórias e qualidades dos outros, que aquilo era a única coisa que ela poderia fazer. Porém agora, olhando-se no espelho, ela pensou em algo que nunca antes lhe passou pela cabeça. E em sua insanidade, sorriu.

- Sim... Se eu sou um espelho, as pessoas devem se refletir em mim. Não o contrário.

-----------------

Fic de 2010, mas que até hoje considero como sendo uma das minhas melhores, really...


Última edição por Rena em Dom Out 13, 2013 8:07 am, editado 1 vez(es)
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Mensagem por Shiki Seg Jul 29, 2013 9:45 pm

Boa. Mas gosh... É longa...
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Mensagem por Mizuki Seg Jul 29, 2013 11:30 pm

Shiki escreveu:Boa. Mas gosh... É longa...
Vishe cara, e hoje eu luto pros meus oneshots e capítulos não ficarem curtos demais... Sério que achou tão comprida? @@
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Mensagem por Shiki Seg Jul 29, 2013 11:39 pm

Sim, mas naquelas, eu sou adepto a narrações curtas. Ficam bem mais fáceis de ler e chamam mais atenção.
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Mensagem por Mizuki Ter Jul 30, 2013 12:14 am

Entendo. Só que é um pouquinho difícil eu escrever uma coisa curta e boa, porque fica muito "seca", sem sal, sei lá, eu tenho essa impressão. E eu sinto que não escrevo mais tão bem quanto escrevi nessa. Tenho a sensação de estar sempre me repetindo na hora de escrever e usar metáforas T-T
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Mensagem por Shiki Ter Jul 30, 2013 12:16 am

Huum... Saquei. Meu problema é o oposto, dificilmente consigo fazer uma história ou um capítulo longo. Acabo sempre encerrando o pensamento em poucas linhas.
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Mensagem por Mizuki Dom Out 13, 2013 8:11 am

Atualizando:
Depois de tanto tempo, Espelho ganhou sua própria capa. Assinada com o nome que eu uso no Nyah Fanfiction. Quando fui postar lá, resolvi fazer uma e aqui está. Dei sorte de ter um scan que combinasse com a personagem e com a história XD
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